Compositor
Notas biográficas
Deste famoso trovador italiano e da sua vida agitada e aventureira temos abundantes notícias. De família da pequena nobreza empobrecida, nasceu no castelo de Goito, próximo de Mântua. Ativo a partir de 1220, e desde logo com fama de grande jogador e truão (como diz a sua Vida), aparece-nos, depois de uma estada na corte dos senhores de Este, na corte de Ricardo San Bonifacio, em Verona, a quem acaba por raptar a mulher, Cunizza, por volta de 1225-1226. Mas Cunizza acaba por fugir com outro, e logo a seguir Sordel casa-se secretamente com Otta, dama de uma família nobre de Treviso, o que lhe vale a ira dos parentes e o obriga a fugir de Itália. Esteve então certamente em Espanha, na corte de Afonso IX ou de Fernando III de Leão, mas, talvez a partir de 1233, encontramo-lo na corte de Raimundo Berenguer IV de Provença, na qual residiu durante muitos anos e na qual permaneceu depois morte do conde, em 1245, agora ao serviço de Carlos de Anjou. É possível que durantes esses anos tivesse visitados outras cortes occitânicas (Toulouse, Poitiers e Rodés) e novamente a corte castelhana, agora de Afonso X, depois da sua subida ao trono em 1252; e talvez tivesse estado mesmo em Portugal (ou, pelo menos, em contacto com a corte portuguesa, como prova a referência que lhe faz o trovador João Soares Coelho, numa tenção com o seu jogral Picandon). Em 1265, e tal como outros trovadores, Sordel segue Carlos de Anjou na sua expedição italiana. Preso em Novara, provavelmente por dívidas de jogo, conservou-se uma carta, de 1266, em que o papa Clemente IV, com palavras simpáticas para com o trovador, censura Carlos de Anjou por não acudir aos seus melhores homens. O certo é que, em 1269, este último, em reconhecimento pelos serviços prestados, presenteia Sordel com um conjunto considerável de doações, que incluem terras e quatro castelos em Abruzzo, na Itália Central. É esta, no entanto, a última notícia que dele possuímos.De Sordelo conservaram-se quarenta e três composições (entre as quais um número assinalável de tenções e debates com, pelo menos, dez trovadores diferentes), para além de um poema didático, Ensenhamens d’onor. Citado no Purgatorio de Dante («anima lombarda che si stava altera e disdegnosa»), é um dos três provençais que Erza Pound refere frequentemente na sua obra.