Trovador medieval
Nacionalidade
Italiana
Notas biográficas
Trovador italiano, natural de Génova (Bonifaz de Génova lhe chamam os cancioneiros), que compôs a maior parte da sua obra em provençal (da qual 19 cantigas chegaram até nós). É possível que tenha pertencido à família genovesa dos Calvos, que se fixou em Sevilha pouco depois da conquista da cidade e na sequência da visita de um embaixador genovês, Nicolo Calvo, que obteve do rei Fernando III permissão para aí instalar uma colónia comercial (1251), colónia essa atestada por um conjunto de doações aquando do repartimento da cidade, e confirmadas dez anos depois por Afonso X. O nome de Bonifaci não aparece nesses documentos, mas é possível que tivesse chegado à corte castelhana pela mesma época, facto que pode depreender-se de composições suas em provençal, nas quais não só cita o rei Afonso X, mas defende mesmo as suas posições políticas no que toca à Gasconha e a Navarra (e que podem, por isso, ser datadas de 1253-1254). Também a maior parte das suas cantigas de amor em provençal incluem uma dedicatória a Afonso X, de quem parece ter sido próximo. Tal como D. Carolina Michaëlis, que se debruçou com alguma demora sobre a biografia do trovador1, Vicenç Beltran2 crê, pois, que Bonifaci Calvo teria permanecido longos anos na corte castelhana, talvez até 1266, ano em que passa a estar documentado novamente em Génova (e, desta feita, pelo menos até 1273).Uma biografia quinhentista de trovadores provençais, mais ou menos fantasiosa, da autoria de Jean de Nostredame (Les vies des plus celèbres et anciens poètes provençaux), apresenta-no-lo apaixonado por uma dama da família real castelhana, uma D. Berenguela (que poderia ser uma filha bastarda de Afonso X), para em seguida nos relatar que teria passado à Provença, aí casando com uma donzela nobre. Sendo impossível de confirmar a história dos seus amores com a infanta castelhana, ela terá como base uma das suas cantigas de amor, em cujo início nos diz que Tan auta domna.m fai amar/ Amors (tão alta dama me faz amar o Amor), como sugere Beltran.
Acrescente-se que Bonifaci de Génova é ainda o autor de uma conhecida composição plurilingue, Un nou sirventes ses tardar/ voill al rei de Castela far (um novo sirventês sem tardar/ quero fazer ao rei de Castela), cantiga de cariz político, mas na qual utiliza sucessivamente o provençal, o galego-português, o francês e novamente o provençal.